(OUTRO CORPO)
é que às vezes
carrego esses peixes na mão.
às vezes o nó é só nó mesmo, sabe?
talvez seja um cisco
rasgando, um risco, outro enxame.
é que essas mariposas incham demais.
pode ser outra mancha que cresce com o corpo,
pode ser um pouco
de vida, um sopro engolido, outro
corpo saindo do corpo.
é que o peixe, essas mariposas,
essa coisa aqui no peito, ó!… deixa pra lá.
(PESCA & BUNGEE JUMPING & GANGORRA)
< um branco branco na tela
tensa
a esperança de um lado, ,
balança.
descansa.
a angústia do outro, ,
suspensa
uma fenda entre o nada e o ser.
uma corda bamba no pescoço
cravada à vara (bambu de osso)
sobe-desce pelo feixe
de abismos do
p
o
e
m
a
.
.
.
peixe >
(OFERENDA)
voz a grunhidos
coro ao indizível
sabor ao eterno
corpo ao etéreo
música à falta
forma pro nada
espelho à ausência
à dor agudeza
ao torpe beleza
sintaxe a deus
ciência pra todos
revide pra morte
ritmo ao tempo
movimento
deslocamento
sentido
*** poemas do projeto poético inédito “Peixe de Vidro” / foto: por Izabelle Lisboa