Estudo sobre quatro ameixas
Dezessete jovens
sentam-se ao redor de uma mesa
onde repousam quatro ameixas
Todos escrevem sobre elas
sem vê-las
Para alguns poetas
os objetos servem apenas
por seu poder evocador:
a quem importa
essas manchinhas violetas aí,
tão imóveis e opacas?
Ah, mas se fossem três
ao menos poderíamos falar
do número de Deus
Companheiros, vejam!
Acabo de morder um dos frutos!
Agora poderão somar ao seu poema
uma metáfora sobre a carne.
Estudio sobre cuatro ciruelas
Diecisiete jóvenes
se sientan alrededor de una mesa
en la que reposan cuatro ciruelas
Todos escriben acerca de ellas
sin mirarlas
Para algunos poetas
los objetos sirven tan sólo
por su poder evocador:
¿a quién le importan
esas manchitas violetas de ahí,
tan inmóviles y opacas?
Ay, pero si fueran tres
al menos podríamos hablar
del número de Dios
Compañeros, ¡miren!
¡Acabo de morder uno de los frutos!
Ahora podrán añadirle a su poema
una metáfora sobre la carne.
Copo com água
Sempre haverá alguém
corrigindo ou zombando
de quem diz copo de água
Eles, amantes da lógica
proíbem-nos o jogo
de imaginar que o copo
foi alguma vez um cilindro
que derreteu seu centro
para nos dar de beber.
Vaso con agua
Siempre habrá alguien
corrigiendo o burlándose
de quienes dicen vaso de agua
Ellos, amantes de la lógica
nos prohíben el juego
de imaginar que el vaso
fue alguna vez un cilindro
que derritió su centro
para darnos de beber.
The Falling Man
Duzentas pessoas
saltaram das altas torres
De todas elas
só nos interessará
um homem
Seu voo suspenso
faz esquecer
que o tempo existe
que o solo existe
Que reconfortante pensar em um morto
que flutua para sempre.
The Falling Man
Doscientas personas
saltaron de las altas torres
De todas ellas
sólo nos interesará
un hombre
Su vuelo sostenido
hace olvidar
que el tiempo existe
que el suelo existe
Qué reconfortante pensar en un muerto
que flota para siempre.
Aula de física
A luz se apagou.
O professor ia de mesa em mesa
acendendo fósforos
alguma companheira devia colocar
uma folha em frente a vela acendida
e uma lente na metade
em um lugar específico, matemático,
sobre o papel se desenhava uma nova chama
ainda maior e ao inverso
confundíamos o universo criando sóis
que antes de nós não existiam
de repente nos sentimos em um templo
um templo oculto e nosso
que se livrava da excessiva vigilância
daquele colégio franciscano.
Clase de física
Se apagó la luz.
El profesor iba de mesa en mesa
prendiendo fósforos
alguna compañera debía colocar
una hoja frente a la vela encendida
y una lente en la mitad
en un lugar específico, matemático,
sobre el papel se dibujaba una nueva llama
aún más grande y al revés
confundíamos al universo creando soles
que antes de nosotras no existían
de repente nos sentimos en un templo
un templo oculto y nuestro
que se libraba de la excesiva vigilancia
de aquel colegio franciscano.
Estefanía Angueyra (Bogotá, 1992) é formada em Estudos Literários na Universidade Javeriana e atualmente se dedica à tradução. Suas poesias podem ser lidas nas revistas Otro Páramo, Círculo de Poesia e La Caída. Na VI edição, recebeu o prêmio da Oficina de Poesia do Fundo de Cultura Econômica da filial colombiana.
–
Tradução Júlia Vita
Revisão Lucas Perito