Certamente, algumas das primeiras imagens da capital japonesa que nos vêm à mente são de multidões aparentemente caóticas, ou paisagens urbanas que correm entre arranha-céus brilhantes e altivos. Mas há outra realidade que passa quase despercebida a olho nu: onde o silêncio, a quietude, o respeito pelos outros e pela comunidade e o individualismo estão permanentemente presentes. Uma realidade tomada como ponto de partida para criar as imagens deste projeto.
Neste lugar onde os prédios brilham e os semáforos tocam sons de passarinhos. Onde pessoas andam freneticamente 24 horas por dia. Onde você se esforça para achar um lixo, onde você nunca será assaltado. Onde a privacidade e discrição são bens imateriais tão sagrados quanto seus deuses xintoístas e budistas. Onde a tecnologia está presente nas coisas mais simples do dia a dia, é, também, onde a solidão e o individualismo são imperativos que norteiam a convivência.
Por viverem em função das suas profissões, muitos japoneses acabam levando uma vida solitária, mesmo morando em meio ao caos das pujantes metrópoles do país, como Tóquio.
Tenho usado situações cotidianas em espaços urbanos, como metáforas visuais, para representar o respeito pelos sentimentos, pensamentos e espaço físico de cada indivíduo, na convivência cotidiana com o restante dos membros de sua sociedade. Em oposição ao que poderíamos definir como contaminação «sensorial» ou «emocional». Ou seja, as inúmeras violações ou interferências que nosso «espaço privado» e nossas distopias existências sofrem diariamente na maioria das sociedades. Assim esta série tem como objetivo, levantar uma reflexão sobre o conceito de intimidade na terra do sol nascente, definindo «intimidade» como o espaço privado de cada pessoa à partir de um nível físico, emocional e espiritual. E também analisar como o respeito mútuo por esse «espaço» (de ser) além do que as regras dizem, é um fato possível em qualquer sociedade que o perceba como um bem comum.
Não obstante, busco a reflexão sobre intimidade, individualidade e solidão, e tento questionar a linha que separa a indiferença do respeito pelo espaço do outro.
Copyright © 2018 Roberta Simão
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