Kalanchoe daigremontiana
Desmundo que nasce do eclipse das pupilas dela
Dropo uma palidez tudo na medida
Radicalidade e doçura
Miss farinha pura
Nem a morbidez, nem a usura
Rasgo essa roupa e torno uma
a pele viscosa de enguia
Elétrica e criteriosa pulsão
Rasgo e engulo na esperança
De aquecer dentro dos órgãos
Meu sangue frio
Meu osso gélido. Minha espinha
Dorsal congelada.
Eu preciso de fogo como o diabo
E se houver tal… creio que ele também tem
Os órgãos sensíveis ao vazio existencial
Vamos. Dá-me essa mortalha!
Engasgo e engulo o trapo
Pulso arrecadando novas formas de habitar
O corpo como casa e derivados. Unir-se a um objeto
Primeiro objeto . ou não. Coisa mais crua
Seca ao sol como carne seca e é isso
Mas é viva e raivosa coisa mais
Crua zaz e tal rasgada a noite e a roupa
Sobra muito pouco mesmo mas hoje tenho um umbral
Observo rasgarem o céu gaivotas e pombos
Oitavo andar e minha teia feita
toda uma fauna a cada instante e muto
Bestamente me cubro
pele ou exoesqueleto
encontro asmocatártico com o absurdo
Que onde viu o lodo e a lama
purpurina e poça rala
Com lixo, na lapa
Com mijo, com tudo