o olho brilha enquanto o corpo se move
indiferente ao toque esporádico das barbatanas
no vidro que o cerca
boia no alto ração miúda
sente, salta até a borda
a boca na lâmina d’água devora os segundos
como se conhecesse os riscos do ar
me olha fixamente com sua visão lateral
invejo seu poder
de ver a mim e a si próprio
em reflexo difuso
de nossa imagem no espelho
no movimento repetido
não vejo beijos, antes pavor
no entanto
na imensidão ao seu redor
liberto do meu olhar
ele nada
sem imaginação
sem memória
talvez no impulso
a vida seja possível